No final de 2007 um amigo, daqueles do peito, disse-me que 2008 ia ser para mim o ano de todas as mudanças. Disparate, respondi-lhe. Nada de extraordinário tem mudado na minha vida nestes últimos anos. Agora, com 2008 a cair para o baú das recordações, vejo como estava enganada. Foi mesmo o ano de todas as mudanças. Não foi um ano em cheio, não foi dos mais felizes, mas sim, foi um ano cheio de mudanças "extraordinárias". Vejamos:
- Voltei a fumar - um disparate, mas que nos últimos meses tem sido um escape perfeito. Um cigarro solitário é sempre pensativo. Ai é pois!
- Mudei de emprego duas vezes - Não, não sou má funcionária. A primeira vez, em Fevereiro, a mudança serviu para concretizar um sonho, a segunda apenas para fazer um upgrade ao ordenado. Chamem-me vendida!
- Acabei uma relação amorosa que durava há anos a mais - e que só me fazia mal. Que durava apenas por teimosia, não me queria dar por derrotada. Na batalha, que teve direito a "sangue suor e lágrimas", perdi o orgulho, a amor próprio, perdi a esperança de voltar a acreditar na treta do Amor, perdi uma casa, um carro, perdi amigos (que afinal não o eram), perdi-me. Mas agora estou de volta ao bom caminho...ser feliz mesmo que sozinha.
- Mudei de casa - consequência da mudança acima.
- Voltei a achar-me graça reflectida no espelho - Quando me comecei a descolar do chão frio da separação, o amor próprio que comecei a recuperar, fez-me perceber que afinal sou uma ragazza razoavelmente sexy. Afinal gosto dos meus cabelos lisos loiros. Afinal gosto dos meus olhos verdes, ainda que continue a achar que tenho pestanas pequenas. Afinal tenho um sorriso giro sim senhor e lábios que não precisam que ser corrigidos na mesa de operações do Dr. Ângelo Rebelo. Afinal não sou assim tão magra e nem tão alta. Gosto da imagem reflectida no espelho, gosto sim. Chamem-me presunçosa.
- Descobri que ainda há homens com sentido de humor - não imaginam as coisas que tenho ouvido... estive "fora do mercado" tempo a mais e antes não me dava ao trabalho de ouvir a seguir à primeira frase dita por um estranho, a horas pouco recomendáveis, e cortava logo a hipótese de me rir. As gargalhadas que eu podia ter dado...
- Afinal gosto de vinho tinto - Mãe, tinhas razão, é bom sim. Bom não, divinal. Então com a música de fundo certa e um cigarro. Hum....
- Afinal sou romântica? - Quem diria, eu?! Descobri que sou uma lamechas quando uma querida amiga me contou que está noiva. "Ele ajoelhou-se e disse: 'Queres casar comigo, ou não?'" A frase do pedido pode não ter sido a mais brilhante, mas estes dois têm das historias mais bonitas que conheço. Fiquei com as lágrimas nos olhos, contando que ela me deu a notícia pelo gtalk, só posso ser uma pindérica romântica. Adoro-vos e vocês fazem todo o sentido juntos. Não sou uma desiludida ao ponto de achar que todos os fins serão trágicos ou lacrimosos.
- Confirmei quem são os meus verdadeiros amigos - esta foi fácil... os mesmos de sempre. Aqueles que me conhecem desde que me conheço e ao rol, num ano, apenas juntei mais um, uma nesta caso. Barbie, obrigada por teres passado estes últimos meses a limpares-me as lágrimas, a provocares-me o riso fácil e a fazeres-me engordar à pala dos chocolates quentes tardios. Tão bom...
- Criei este blog - digam de vossa justiça!!!
- Tive a confirmação de que todos, todos, temos um segredo guardado, inconfessável - ...o meu não digo qual é...
Contas feitas, emoções vividas, mudanças feitas, 2008 podia ter sido um ano bem melhor. Mas, mesmo que me custe a admitir isto ao meu amigo, foi mesmo o ano de todas as mudanças.
Descanse em paz, o velho 2008.
Take care of the poor and the sick
Há 1 dia