quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Palavras. Gastas.

As palavras estão gastas. Não sei o que mais te posso dizer quando não me ouves na maior parte do tempo. Tudo o que quis foi que nos déssemos a hipótese de sermos invencíveis juntos. Mas tu, tu e as tuas ideias absurdas enraizadas, a ouvires prisão quando eu dizia amor. A gritares sacrifício quando eu sussurrava dedicação. Tu a fugires de mim enquanto eu corria para te ter perto. As palavras estão gastas. Amor. A palavra está gasta. Velha, maltratada, desprezada. Amor, Uma doce ilusão, o maior castigo. Amor, Tudo o que tinha para dar. Foges de mim como de uma tragédia. Amor. Uma tragédia, efectivamente. As palavras estão gastas. Não me sobram. Usei-as todas. Palavras. Não as guardaste. Amor, Uma doce ilusão. Uma batalha. Rendida. Gasta. Trágica. Amor. Estou gasta. O meu amor está doente, matou-me a ilusão, Castiga-me agora. E não tenho palavras. Gastei-as todas. Tenho uma tragédia ao peito. Aperta-me, Dói-me. Ruínas, A tragédia esteve sempre à coca, a ver quando me trapaceava. Iludida. Cheguei a pensar que a trapacearia a ela. Ilusão. As palavras estão gastas. O meu amor está doente e tenho a tragédia ao peito. Culpa. Pesa-me a culpa. Culpada. Sou culpada. A tragédia não se escondeu, estava só à coca. Vi-a de início, iludida, pensava que a podia trapacear. Não me sabia o amor a doente. Iludi-me sozinha. Não tenho a quem culpar. Sou a única responsável pela tragédia que tenho ao peito, Acreditei no Amor e ele era ilusão. Tive fé. Não sei a que me agarrei. Fé. Vou chamar-lhe fé. Chamo fé ao que sei ser ilusão. Amor. Castigo. Desilusão. Tenho uma tragédia no peito, Dói-me, Culpada. As palavras estão gastas. Nada me sobra. Sempre foram elas a valerem-me. Não as ouviste. Repudiaste-as. Crenças. De que me servem as crenças? As crenças nunca me valeram. As palavras sim e estão gastas. Eu quis acreditar. Sozinha. Ninguém pode amar sozinha, Crenças. Atiro-as agora ao chão, com as palavras que me sobraram, ainda que gastas. O meu amor não foi amor. Foi outra coisa qualquer. O meu amor perdeu a batalha. O meu amor é tragédia. grita sozinho, ninguém o ouve agora, porque lhe faltam as palavras, não tem o que gritar. Gastas. As palavras estão gastas. O meu amor andou sozinho, Está perdido, agarrado à tragédia, que me pesa no peito. As palavras estão gastas. Culpada. Eu. As palavras estão gastas. Ruína. O meu amor virou ruína. As palavras estão gastas. Não me sobra nada. As palavras foram todas gastas.

9 comentários:

Desnorteada disse...

tantas vezes escrevi sobre palavras gastas que acabei por gastar também o argumento. Clap, clap para o teu texto... ;)

GuessWho disse...

Não era fé. A isso chamasse amor. Mas quando as palavras estão gastas, quando aquilo que dizemos se repete como um cd em repeat...cura o teu coração e ama quem te esteja amar.

Este Blogue precisa de um nome disse...

{...}

Insatisfeita Inveterada disse...

Nunca me revi tanto numtexto como agora no teu. As minhas palavras ainda não estão gastas mas a minha fé está a acabar...
Obrigado por mais uma vez me fazeres pensar...

Anónimo disse...

4:40 minutos bem passados e sem palavras gastas, espero que gostes.
http://www.youtube.com/watch?v=6hzrDeceEKc

sei que é fora de contexto mas quis partilhar...

CJPL

x disse...

a tragédia no peito vai-se mascarando devagar. mas as palavras gastas jamais se recuperam.

MissLilly disse...

wow que texto, eu gostei imenso!
sim o amor inclui esperanca, inclui o remar contra a mare, inclui muita palavra gasta, ate que a energia se esgota e sobram apenas as palavras gastas...

E. disse...

Um grande texto :)

A Chata disse...

Este texto ficou-me marcado talvez porque sabia que estava a gastar palavras como tu. E cá voltei.

E há o tempo que cura tudo, não é o que dizem?