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Adoro ouvi-lo sussurrar-me ao ouvido que eu o faço feliz! Amo aquele momento em que o nosso olhar se cruza e não precisamos de falar porque está tudo dito e entendido. Amo quando me pega ao colo e roda comigo, mesmo sabendo que eu tenho medo de cair e termina a façanha dizendo “se caíssemos pelo menos éramos os dois”. Adoro quando partilhamos um gelado e ele faz questão de me dar a parte de chocolate, gosto do cuidado com que me segura a mão, amo a forma como me sorri, sou essencialmente apaixonada pelo nós que formamos...
Para mim é isto, um conjunto de circunstancias onde determinadas palavras se vão adequar melhor ou não. Não nego que o “eu amo-te” tem a essência do romantismo, é o que a maioria gosta de ouvir, mas não consigo gostar da palavra sem actos inerentes, é como comer um gelado sem que este esteja na consistência correcta. Não chega ouvir a palavra é preciso que a nossa mente a processe ligada a muitos sentimentos e gestos que a corroboram.
Se alguém diz “adoro-te” a sonoridade é diferente, dá ideia de devoção e nós não queremos ser adorados ou idolatrados (pelo menos eu não quero), queremos ser amados, viver intensamente e de forma apaixonada, mas se alguém diz “adoro-te”, num dia frio de Inverno, em que estão no sofá cobertos com uma manta, abraçados e a partilhar algo quente seguindo esta palavra a um beijo e um abraço ainda mais intenso pergunto-me se não terá o mesmo valor que um “amo-te”? Pergunto-me se não será inclusive mais?
Amar e adorar são diferentes, a minha concepção de ambos diverge, mas no que diz respeito ao amor aceito todas as palavras, pois para mim amar alguém é isso, não ter palavras exactas ou mais correctas, não ter equações perfeitas, nem soluções para tudo, para mim na relação com o outro vale o improviso, o conhecer, o apostar sempre mais e o dedicar-se ao que os une amando e adorando cada momento... Logo, eu digo que amo a “minha pessoa”, digo que o adoro e acompanho isso de um gesto ou de um momento onde sei que o significado será o de “quero estar contigo em todos os momentos da tua vida”.
Sei que não respondi à questão, que não me posicionei propriamente em nenhum dos lados, mas para mim este meio termo, este balanço entre o amar e o adorar é o que faz sentido... Gosto de ambos, digo ambos e ouço ambos sorrindo e acreditando que os gestos que se lhes sucedem é que dão o significado às palavras."
Pela Sara Ferreira