sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Quando um gigante tomba...

...acho que sim, que deve ser homenageado, que se faça luto no mundo e que se recordem as suas palavras. O que me incomoda é o cinismo de quem vê um opositor gigante tombar e de repente, para não ficar atrás na corrente de homenagens ou até por protagonismo ou as suas invocadas "obrigações", abre a boca num rasgo de estupidez ou alzheimer e acredita na sua pouca inteligência emocional  que temos todos memória curta. Cavaco Silva, hoje nem lhe chamo nem senhor nem presidente, fique calado e não volte a abrir a boca sobre a morte de Mandela. 

"1- António Filipe, 2008: "Os senhores não querem que se diga que, quando, em 1987, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela, os três países que votaram contra foram os Estados Unidos da América, de Reagan, a Grã-Bretanha, de Thatcher, e o governo português, da altura".

2- Cavaco Silva, 2008: "Orgulho-me do pequeno contributo que possa ter dado para fazer da África do Sul uma nação livre e democrática". (Cavaco Silva mandou votar contra a libertação de Mandela) 

3- Ana Gomes, 2013:"Lembro-me de um episódio em 1989, quando tínhamos uma resolução sobre as crianças vítimas do apartheid apresentada pelo grupo africano. Vergonhosamente, tivemos instruções para votar com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, numa posição contrária a essa resolução (...) havia muita gente em Portugal (o primeiro-ministro era CAVACO SILVA) que achava que os nossos interesses estavam do lado do apartheid".





4 comentários:

Pipoca Arrumadinha disse...

Foi um grande homem!

S* disse...

Cavaco sem vergonha.

Anónimo disse...

Não gosto mesmo nada do Cavaco, mas convém estarmos a par de toda a informação antes de julgarmos:

No 77º Plenário das Nações Unidas a 20 de Novembro de 1987 fizeram-se OITO resoluções numeradas de A a H como desdobramento ao o 42/23, todas elas votadas no mesmo dias, e todos eles relacionadas com as políticas do apartheid e racismo na África do Sul. http://mediaserver2.rr.pt/NEWRR/nr051255118930080.pdf A primeira resolução, a 42/23A, cujo ponto 2 previa "o direito a escolher os meios necessários, incluindo a resistência armada, para atingir a erradicação do apartheid" contou com o voto contra de Portugal, por se considerar que legitimava o recurso à violência. Reino Unido e EUA também votaram contra. Entre os que se abstiveram incluem-se Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Alemanha e França. A resolução 42/23G, aquela que na alínea a) do seu ponto 4 exige a "libertação imediata e incondicional de Nelson Mandela e de todos os outros presos políticos" teve 149 votos favoráveis, dois contra (Estados Unidos e Reino Unido) e quatro abstenções (Alemanha, Granada, Israel e Malawi).

Cristina

Carol disse...

Eu ia dizer que é preciso ter cuidado e não descontextualizar as coisas, mas a Cristina antecipou-se :)