Sou jornalista. Não escrevo, estaticamente, sobre política nem economia. Nem
tecnicamente sobre desporto ou crime. Escrevo sobre todas as áreas e pagam-me para escolher o
enfoque emocional das notícias. Casamentos, divórcios, nascimentos, zangas, doenças, férias,
cusquices,
looks, moda. Os factos e as reacções emocionais que eles provocam. Já escrevi sobre amigos, notícias boas e más. Já escrevi sobre a
morte de pessoas de quem gostava, outras que apenas admirava, outras que não me diziam absolutamente nada. Hoje escrevi sobre duas pessoas que não conheço, até porque são do outro lado do mundo. Uma história de tragédia, dor e luta. E, por falar em emoções, hoje, fui eu quem reagiu ao facto e escreveu a história de dois estranhos de lágrimas nos olhos. Não é fácil desligar o botão. Eu não sou um
robot. E muitos dias levo as emoções para casa. E hoje levo as dores de pessoas que nem conheço.