É sempre de lamentar a perda de alguém tão jovem como o Angélico. Todos nós já perdemos alguém num acidente de viação. Ou alguém próximo de alguém. Todos os dias morrem pessoas em acidentes. E sim, é de lamentar. O que me deixa sempre furiosa, é que quando se trata de um famoso, o que inevitavelmente faz a notícia ganhar mais impacto, é ler tanto disparate e acusação. Isto para além das piadas e anedotas que os portugueses se orgulham de serem os maiores a fazer.
Acusa-se a pessoa de estar mesmo a pedi-las. Acusa-se a pessoa de matar um amigo (que entrou no carro voluntariamente e optou por usar ou não o cinto), acusa-se de ir em excesso de velocidade (e um pneu da frente rebentar a, por exemplo, 80 km hora pode resultar em despiste), acusa-se de ser irresponsável e de tudo e mais alguma coisa.
Depois dá-se muita importância à vox pop, outro facto que acho hilariante. Toda a gente é muito boa a escrever guiões. De onde vem a notícia de que o Angélico não usava cinto de segurança? Foi uma fonte oficial que o disse? Foi o comandante dos bombeiros da zona? Viram o relatório da polícia? O Angélico tinha o cinto de segurança, mas isso não o salvou.
Ah, e claro, segundo as mentes doentes que andam a opinar por aí de forma a denegrir o rapaz, foi ele que causou a morte ao amigo. Claro. Ele virou-se e disse: no meu carro ninguém usa o cinto. Está tudo doido. E num acidente com esta violência, o uso do cinto garante sair do carro vivo?
Estamos a falar de um miúdo (e não interessa se gostam ou não dele como actor ou músico) trabalhador, simpático, que ajudava financeiramente a família, sonhador, boa-onda, bem-educado mas acima de tudo estamos a falar de um ser humano. Um jovem que ao contrário de muitos dos que agora escrevem disparates sobre ele não bebia e conduzia a seguir. Aliás, não bebia de todo. Isto faz dele mais consciente que muitos dos que agora lhe chamam irresponsável.
E espero que a vocês nunca rebente um pneu do carro numa auto-estrada.
Sunset
Há 19 horas