Centenas cruzam-se por lá, uns apressados outros numa espera que se torna longa. Palco de lágrimas de despedida, abraços fortes. Palco de correrias para os braços de quem volta. Aeroportos. Criei uma aversão a aeroportos.
Passo lá muitos dias. Uns dias à espera de ver alguém partir, outros à espera de quem chega, na sua maioria estranhos para mim. Muitos de vocês não se apercebem da profundidade das despedidas, de quem não conhecem, juntos às partidas, até porque vocês mesmos estão de partida e com pressa. Eu passo lá horas, sem partir. Conto as famílias que se separam, os namorados que vão "morrer" de saudades. Vejo as lágrimas das mães dos filhos que vão para longe e ouço as juras de amor eterno dos amantes. Apercebo-me da profundidade das relações entre pessoas que me são estranhas.
Nas chegadas vejo as correrias. Os sorrisos assim que se avista quem os espera. As crianças no sentido contrário a quem chega para alcançarem os braços dos pais. Os namorados com flores, as namoradas saudosas. Os abraços, os beijos. O saltar para o colo. E os abraços outra vez, e mais beijos. E as silhuetas lado a lado, unidas pelas mãos, a abandonarem o que para mim é o lugar mais solitário do mundo.
Não sei quantas vezes já viajei. Já foram bastantes. Poucas comparadas às horas que passo em aeroportos a ver os outros irem e virem. Mas sei que mergulho por momentos na solidão. Eu e os aeroportos. Talvez esta aversão tenha a ver com o facto de nunca ninguém se ter ido despedir de mim ao aeroporto, ou sequer levar-me. Ou porque nunca ninguém me esperou à chegada. Nunca tive as despedidas, nem as juras de amor eterno, nem ninguém a "morrer" de saudades, ou uma mãe saudosa antes de eu partir. E nunca à chegada correrias, nem um colo para onde saltar, nem flores, nem saudades, nem abraços. Nunca ninguém à espera. Eu e os aeroportos. O lugar mais solitário do mundo. Aeroportos. É a minha silhueta sozinha a abandonar o palco dos abraços e beijos e correrias dos outros.
Passo lá muitos dias. Uns dias à espera de ver alguém partir, outros à espera de quem chega, na sua maioria estranhos para mim. Muitos de vocês não se apercebem da profundidade das despedidas, de quem não conhecem, juntos às partidas, até porque vocês mesmos estão de partida e com pressa. Eu passo lá horas, sem partir. Conto as famílias que se separam, os namorados que vão "morrer" de saudades. Vejo as lágrimas das mães dos filhos que vão para longe e ouço as juras de amor eterno dos amantes. Apercebo-me da profundidade das relações entre pessoas que me são estranhas.
Nas chegadas vejo as correrias. Os sorrisos assim que se avista quem os espera. As crianças no sentido contrário a quem chega para alcançarem os braços dos pais. Os namorados com flores, as namoradas saudosas. Os abraços, os beijos. O saltar para o colo. E os abraços outra vez, e mais beijos. E as silhuetas lado a lado, unidas pelas mãos, a abandonarem o que para mim é o lugar mais solitário do mundo.
Não sei quantas vezes já viajei. Já foram bastantes. Poucas comparadas às horas que passo em aeroportos a ver os outros irem e virem. Mas sei que mergulho por momentos na solidão. Eu e os aeroportos. Talvez esta aversão tenha a ver com o facto de nunca ninguém se ter ido despedir de mim ao aeroporto, ou sequer levar-me. Ou porque nunca ninguém me esperou à chegada. Nunca tive as despedidas, nem as juras de amor eterno, nem ninguém a "morrer" de saudades, ou uma mãe saudosa antes de eu partir. E nunca à chegada correrias, nem um colo para onde saltar, nem flores, nem saudades, nem abraços. Nunca ninguém à espera. Eu e os aeroportos. O lugar mais solitário do mundo. Aeroportos. É a minha silhueta sozinha a abandonar o palco dos abraços e beijos e correrias dos outros.
Eu e a minha bagagem a caminho do táxi de cabeça baixa. Ao longe, na minha mente, o som de violinos tristes, como nos filmes. A miúda que nunca tem ninguém à espera. A de quem ninguém tem saudades, daquelas que não podem esperar por não fazerem "morrer" ninguém. A minha silhueta unida à da bagagem, e os olhos no chão para não ver os abraços e beijos dos outros. Para não contar os casais e nem as famílias. Nem as correrias, nem as crianças. Eu e os aeroportos. O sítio mais solitário do mundo.
23 comentários:
Para ti são os aeroportos. Para mim o lugar mais solitário do mundo foi, outrora, a paragem de autocarros. ;) E revejo-me neste teu texto, embora sendo em lugar diferente.
Beijinhos *
Sinto o mesmo em relação as estações de comboios...
Felizmente agora tenho quem me leve e tenho quem me va receber, mas já passei pela fase de não ter, e de sair sozinha e sozinha regressar.
E isso fez-me crescer e valorizaro que hoje tenho.
Um grande beijo.
Gosto tanto, tanto, mas tanto, deste texto. Vou levá-lo comigo.
(Eu gosto de aeroportos, porque gosto das partidas com regresso, marcado ou não. Revejo-me nessa silhueta sozinha, mas de cada vez que parto esqueço-me, e por isso gosto de partir.)
A mim o que me faz mais confusão é quando se abre as portas da chegada e estão montes de pessoas a olhar para mim... mas nenhuma me conhece!!! Tal como tu, também, não tenho ninguem à espera...
Revejo-me tanto no teu texto, sinto-me sempre tao sozinha quando vou para o aeroporto, na hora da partida sinto-me triste e quando tenho de me despedir so me apetece chorar. Doi partir e deixar o nosso coracao em terra, doi ficar la a espera sozinha pelo check in. E mais cansa passar pelo mesmo todas as semanas, sendo que o unico momento bom e o da chegada a casa.
A minha irma um dia foi-me buscar ao aeroporto e faz-me um cartaz lindo a dizer: "Bem vinda a casa mana". Nunca tinha tido ng a minha espera como nos filmes, foi um momento lindo.
Mas tirando isso tou farta de aeroportos e odeio andar de aviao :(
Hoje é o meu dia de partir novamente. E já comecei a chorar.
pois eu vou amanha as 07h e para variar nao quero ir, quero ficar :(
“Passaporte”
Minha vida é minha morte
Neste mundo tão pequeno
Que é apenas passaporte
P’ra outro mundo mais pleno
Não vão além do equívoco
Os que confessam viver
Neste mundo magnífico
É certo não estão a perceber
Aquilo que se está a passar
Não procures tudo absorver
Procura a mente esvaziar
Só assim te poderás realizar
Não tanto por enriquecer
Mas quando tudo consigas dar.
Como te compreendo...
Porque te lembraste deste texto agora Pipoca?
Porra, escreves tão bem. Quero mais textos destes!
Alex,
Não sei, tropeçei nele e lembrei-me...
Pra próxima avisa que a malta vai lá levar-te e esperar-te.
Pelo menos os desempregados. :|
Compreendo o ponto de vista mas adoro aeroportos pois só me lembra de férias! E como eu adoro férias!
Em anos vejo-me obrigado a deixar pela primeira vez um comentário num blog..
Achei o texto tão simples (simples aqui não tem nada de simplório assim como o rebuscado não tem de ser apelativo) e ao mesmo tempo tão cru (cru não é desagradavel, que o digam os amantes de sushi)na exposição dum sentimento que atendendo ao preço do combustivel te comprava uma passagem de ida e volta para te levar e ir buscar... :-)
Parabens!
OH...
Não imaginaria..até eu que poucas histórias bonitas tenho já tive uma "espera" dessas.
Mas foram mais as vezes que me dirigi "Eu e a minha bagagem a caminho do táxi de cabeça baixa".
Um dia...acredita!!
Beijinho
A vida no ar deve ser mesmo muito solitária... Compreendo-te...
viagensnomeucaderno.blogspot.com
O teu melhor post de sempre (e há um par de anos que te leio) Parabéns, e que essas despedidas e chegadas solitárias acabem!
Os aeroportos podem ser um encanto, cheios de gente, de sonhos, de expectativas... mas têm essa tristeza de quem parte para longe ou de quem regressa mas não tem ninguém à espera.
E amanha la vou eu de novo para a minha 16a viagem em 2012. Mas e a viagem de regresso, e o meu querido vai buscar-me. Definitivamente 5a e um excelente dia :D
Gostei muito...mas é um texto muito triste!
Eu porque nao vivo em Portugal e estou quase casada com um homem que nao vive no mesmo pais que eu ando sempre metida em avioes...Sinto essa tristeza quando venho de um fds bem passado com ele...mas quando vou para Portugal, por exemplo, adoro saber que quando as portas das chegadas se abrem tenho lá o meu pai sempre com o maior sorriso do Mundo a olhar para mim, e o meu sobrinho a correr-me para os bracos...O que sinto num aeroporto depende sempre se estou a ir ou a vir...mas acho que é um sitio em que se consegue sentir extrema felicidade e extrema tristeza!
como nunca tiveste ninguem que te levasse ou ninguem a tua espera? és hospedeira de bordo?
já eu não o acho o lugar mai solitario do mundo, mas seguramente é o que me faz mais sofrer, porque o que eu ja viajei, o que eu ja chorei em aeroportos, o que eu ja deixei de pessoas que amo e o que eu ja abracei ao chegar é inquantificavel...
Puxa! Muito bom.
Gosto de te ler
Já agora, quando é a tua próxima viagem! Eu vou esperar-te com um abraço de boas vindas! :)
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