Passei a tarde na Ericeira, uma terra que em tempos era sinal de sorrisos, trocas de beijos, almoços especiais. Um sítio, onde em tempos vagueámos juntos, mão na mão e olhar de esperança.
Corri quase todas as ruas a pé, a tentar disfarçar o vazio que estava a sentir. Tentei encontrar algum desses sentimentos, uma ponta de emoção numa pedra de calçada, um sorriso no branco das casas, um beijo nas ruas estreitas. Não estava lá nada, já não estava lá nada. Mudaste tudo de sítio.
Então andei ali perdida, a ver se me encontrava, à procura de respostas. A noite caía e não havia nada para trazer comigo. Foi nessa altura que vi o teu nome no visor do meu telemóvel...não consegui atender. Andei perdida e não quis que me encontrasses, não ali, no que outrora foi palco da nossa troca de juras de amor eterno, dos beijos quentes, dos almoços cúmplices...
Enterrei os pés na areia, com toda a força. Cerrei os dentes para impedir as lágrimas de caírem, brinquei com uma criança para me forçar a sorrir, sorri a uma amiga para ela não me deixar chorar.
Telefonaste e eu desenterrei os pés da areia, para lá meter a cabeça...
Vim para casa com os pés cheios de areia e a cabeça cheia de nadas.
Não volto à Ericeira.