domingo, 21 de junho de 2009

Andei a vaguear, vim vazia para casa

Passei a tarde na Ericeira, uma terra que em tempos era sinal de sorrisos, trocas de beijos, almoços especiais. Um sítio, onde em tempos vagueámos juntos, mão na mão e olhar de esperança.
Corri quase todas as ruas a pé, a tentar disfarçar o vazio que estava a sentir. Tentei encontrar algum desses sentimentos, uma ponta de emoção numa pedra de calçada, um sorriso no branco das casas, um beijo nas ruas estreitas. Não estava lá nada, já não estava lá nada. Mudaste tudo de sítio.
Então andei ali perdida, a ver se me encontrava, à procura de respostas. A noite caía e não havia nada para trazer comigo. Foi nessa altura que vi o teu nome no visor do meu telemóvel...não consegui atender. Andei perdida e não quis que me encontrasses, não ali, no que outrora foi palco da nossa troca de juras de amor eterno, dos beijos quentes, dos almoços cúmplices...
Enterrei os pés na areia, com toda a força. Cerrei os dentes para impedir as lágrimas de caírem, brinquei com uma criança para me forçar a sorrir, sorri a uma amiga para ela não me deixar chorar.
Telefonaste e eu desenterrei os pés da areia, para lá meter a cabeça...
Vim para casa com os pés cheios de areia e a cabeça cheia de nadas.
Não volto à Ericeira.

27 comentários:

Summer disse...

Compreendo-te...uma música,um acontecimento, um almoço...quando a mínima coisa se torna sufocante! Eu sei... mas querida, estou confiante de que nada dura para sempre... nem mesmo a tempestade!

Não precisas da Ericeira, anda para o Porto...afogamo-nos em caipirinhas ;)
Beijao*

ps - espero que estejas melhorzinha :) ânimo...*

Artemisa disse...

Eu entendo isso... mas acredita que o tempo cura tudo... E isto não é uma frase feita... Cura mesmo,eu sei!!!

Satine disse...

como te compreendo.. os lugares muitas vezes agarram momentos, situações, pessoas às suas paredes que cada vez que lá voltamos a sensação de passado perdido dói ainda mais.. mas força querida :) e um sorriso nessa cara!

beijinhoooo*

P. disse...

o texto, ao mesmo tempo que é de uma tristeza profunda, não deixa de ser lindo.
um dia, todas as ruas e casas da ericeira, apesar de terem o mesmo significado que têm agora para ti, já não vão deixar-te cheia de nadas.
um dia irás ver que há coisas que, se calhar, valeram a pena na mesma, ainda que agora pareça precisamente o contrário.

força, muita força **

Fuschia disse...

Memórias...não é fácil lidar com elas. Só conseguimos deixar amores para trás quando já encontrámos "o amor" da vida.

Anónimo disse...

Engraçado....
Eu fugi para viver perto da Ericeira para me afastar de um sítio assim, que em cada esquina, em cada rua, havia uma lembrança a mais.....

S* disse...

Esse passeio nao te ajudou. Pode ser que a cama te ajude a arrumar a cabecinha. ;)

Menino do mar disse...

O Rui Veloso tem uma música em que diz: "Nunca voltes ao local onde já foste feliz..."

Beijo

pfa disse...

Já todos passámos por isso, eu recentemente. Enquanto nada preenche o coração da mesma forma há sempre pequenos momentos em que nos recordamos de que o nosso coração tem espaço para algo mais. Mas ainda assim aprende-se a ser feliz de novo sozinho. Ultrapassa-se esse particular vazio, fica outro mais abstracto à espera que a vida o preencha de novo. Mas com o tempo surge de novo a abertura à vida e a todas as suas possibilidades. Voltarás de novo á Ericeira, com a exitação da vida e de tudo o que poderá vir por aí.

Laetitia disse...

É muito lixado voltar a um lugar onde já fomos felizes quando tudo já acabou...Porque inevitavelmente relembram-se os momentos, as palavras, as sensações.E pronto lá vêm as lágrimas... Às vezes o melhor mesmo é não voltar. Ou só voltar quando já estamos curados. No entanto acho que a nostalgia é sempre inevitável. Sempre.:(

B. disse...

O teu texto é de uma profunidade e belexa indiscritível. Costumo dizer que é quando estamos tristes que somos mais profundos...
Acredita que o tempo cura tudo e terás muitas outras ericeiras de outrora na tua vida

Coffee Taste disse...

Se eu soubessse...
Beijo triste

Pipoca dos Saltos Altos disse...

Marta, só o facto de lá teres estado comigo...foi um alívio. E, apesar de tudo, ainda bem que lá fui, e não podia ter tido melhor companhia.
Adoro-te

nuno medon disse...

Olá! E eu espero que um dia voltes á Ericeira, casada com aquele homem que queira passar o resto dos seus dias contigo, e com filhos. Bem sei, que estás a sofrer pela descrição do texto, mas ainda vais muito a tempo, de ser feliz. Espero que um dia destes, meses, um ano, estejas preparada para Amar perdidamente. Se passaste bons momentos na Ericeira, não existem razões para não voltares a pôr lá os pés. Bem sei que por agora, a Ericeira te provoca tristeza, mas um dia vais ser novamente feliz. beijos

Fire Wife disse...

Eu andei por Sessimbra e também te juro que me encontrei por lá com muitas recordações, mas não podemos deixar de viver por elas. E não sei se é pior o telefone tocar ou nunca mais ter tocado e tu teres a sensação que foste completamente esquecida.
Beijinhos

Rosa Cueca disse...

às vezes as ruas, as paredes, os sítios, são mesmo só isso: coisas.

podem lembrar-nos de tudo, podem reavivar coisas que pensámos já estarem mais esquecidas, mas um dia vão ser só recordações. não vão evocar mais nada.

mau feitio disse...

Bolas, a tua dor viu-se em cada frase. Uma braço mto forte de quem tmb passou pelo mesmo, noutra terra qualquer.

Beijo grande
http://maufeitio3.blogs.sapo.pt
tenho a cura la no blogue... experimenta ler.

Tilt disse...

Eu agora também tou :(....

Pensa que os melhores momentos estão para vir.

Pegar nos bons momentos, guardá-los numa caixa e pensar em ir buscar outros bons momentos.

Custa sempre... é rodearmo-nos de amigos e seguir em frente.

*

Joana disse...

Há lugares que se tornam parte de nós porque guardam a nossa história! Mas quando a história acaba, fecha-se o livro e com ele os lugares, agora cheios de "sentidos proibidos"...

Procura novos lugares, novas histórias! :D

Xi coração

A Gata Christie disse...

Consegui sentir a tua tristeza em cada frase, em cada palavra e acabaste por me fazer lembrar de dores que já vivi.
E é por já ter vivido essas dores que te sei dizer que, um dia, vais voltar à Ericeira, vais recordar alguns desses instantes de que falas e vais ser capaz de sorrir. Pode não parecer, mas é a verdade.

C.B. disse...

txiii arrepiei-me com cada palavra. Realmente a dor passa mas acho que deixa para sempre a sua marca. Um dia deixa de doer respirar. Boa sorte :)

Saltos Altos Vermelhos disse...

volta somente quando esse sentimento já estiver muito distante! O tempo cura tudo!

Tana disse...

:(
A Ericeira deve ser testemunha de algumas histórias de amor, umas mais bonitas que outras, umas que acabaram mal, outras bem..outras que não acabaram.. porque há historias que ainda nao acabam...
Não sei se a tua realmente acabou, mas que fique a doçura do que foi para os 2 os momentos melhores..
Há sitios, momentos, musicas, filmes, livros...que marcam uma relação na eternidade ..

Um beijo*

Sara disse...

Sei que é cliché, mas o tempo cura ( quase) tudo. Vais ver que depressa povoas a memória com outras lembranças, certamente mais agradáveis. :) **

Miss Kin disse...

O que faz de nós masoquistas?!

Deb disse...

Palavra de honra que fiquei muito emocionada com o teu texto.
Parece, de facto, um lugar comum dizer isto, mas estou certa que tudo passará e, como mulher inteligente que estou certa que és, terás a capacidade de dar a volta... sempre um dia de cada vez.
Muita força!

@me@@@ disse...

adorei este post...