terça-feira, 1 de junho de 2010

Paixão e pernas entrelaçadas

E foi sem esperança que a rapariga lhe disse "estou apaixonada por ti". Foi de olhos vagos que o rapaz lhe partiu o coração, sem perceber que daquela vez a devia ter olhado nos olhos, ainda que vagas fossem as palavras.
Da esperança que não morre saiu-lhe um sorriso, já com o peito sem sinais de vida.
Havia em tempos acreditado que o que se sente num coração é aceite no outro. A rapariga não tinha ainda noção que atracção e paixão não andavam de mãos dadas, ainda que volta e meia entrelaçassem pernas.
Desde esse dia "estou apaixonada por ti" não se lhe voltou a ouvir dizer, apesar de o peito o ter sentido tantas vezes. O rapaz inventou a palavra "saudade" sem perceber que a cada vez que o dizia a esperança ganhava mais uma vida, sem perceber que a "saudade" dele lhe queimava no peito que ainda gritava "estou apaixonada por ti".
Um dia a rapariga matou a esperança e fez ouvidos mudos à "saudade" do rapaz. Nesse dia ela já sabia que apesar das pernas se entrelaçarem quase sempre numa dança perfeitamente coreografada, nem sempre os corações batem ao mesmo ritmo.
A rapariga é feliz, mesmo sem ter voltado a dizer "estou apaixonada por ti". O rapaz fala com "saudade" da rapariga que um dia não soube olhar nos olhos.

13 comentários:

Microondas disse...

ui. Sem comentários. Apenas uma chamada de atenção. Tens aí no inicio do texto "patiu" em vez de partiu. Acontece aos melhores. Inclusive aos partidos.

Summer disse...

É uma pena que as coisas não possam correr sempre a nosso favor não é? Mas nada como ir aprendendo a ser feliz.

Beijo*

Poetic Girl disse...

É por vezes os corações batem desfasados uns dos outros, quem disse que era fácil encontrar um que bata ao mesmo ritmo que o nosso? bjs

Anónimo disse...

O teu blog foi referido aqui:

http://netspice-vidasombria.blogspot.com/

Anónimo disse...

Parabéns pelo belíssimo texto. Ao lê-lo senti um aperto no coração, pois é como se tivesse sido escrito a pensar em mim, do princípio ao fim, pela enorme semelhança com uma realidade que ainda vivo. Aprendi da mesma forma que “atracção e paixão não andam de mãos dadas, ainda que volta e meia entrelaçassem pernas”.
Beijinhos.
Joana

ela disse...

Lindo!!!!!!!! Aconteceu comigo...e também não entendi mas hoje sei viver com isso e distinguir. Beijo

Autora de Sonhos disse...

Apesar de já acompanhar este cantinho é a 1ª vez que "opino"...e porque hoje? Porque este post está divinal!!!

bjs

Anónimo disse...

Julgaste que não te olhava, mas pelo canto do olho eu bem vi o teu sorriso triste e abandonado.
Tu acreditaste, dizes, pensaste que estavas apaixonada por mim.
A “saudade” não foi inventada, era genuína e sentida, estava mesmo cá dentro. Tal como não seria inventada a expressão “amo-te”, caso ta tivesse dita ao ouvido enquanto as pernas se deixavam entrelaçar, naquele gesto instintivo e quase automático.
Tu acreditaste, eu sei que o dizes, mas não era por mim que estavas apaixonada.
Porque de todas as vezes que as pernas se entrelaçaram, de todas as vezes que os teus olhos se fecharam e me disseram com esperança “estou apaixonada por ti”, não era em mim que pensavas.
E podes acreditar que a saudade genuína ainda vive deste lado.

Sérgio Mak disse...

Como dizem no ciclismo "Palminhas, palminhas"...

;)

Pipoca dos Saltos Altos disse...

@Anónimo,

????????

Anónimo disse...

Se eu tivesse conseguido que não desviasses o olhar...

Pipoca dos Saltos Altos disse...

@Anónimo,

mais uma vez: ??????

Feliz disse...

Desmanchei-me...
Tão real que dói...